11 de outubro 2024
A anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica grave, potencialmente fatal, que requer reconhecimento e tratamento rápidos, especialmente em crianças.
1. Definição e Causas
A anafilaxia é definida como uma reação alérgica aguda que envolve múltiplos sistemas do corpo, frequentemente ocorrendo em minutos após a exposição a um alérgeno. Os principais desencadeantes incluem alimentos (como amendoim, frutos do mar e leite), picadas de insetos, medicamentos (como antibióticos e analgésicos) e látex.
2. Fisiopatologia
A fisiopatologia da anafilaxia envolve a liberação rápida de mediadores inflamatórios, como histamina e leucotrienos, a partir de mastócitos e basófilos. Essa liberação provoca vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, contração de músculos lisos e estimulação do sistema nervoso, levando a sintomas que podem incluir dificuldade respiratória, urticária, angioedema, dor abdominal e até choque anafilático.
3. Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas da anafilaxia podem variar, mas geralmente incluem:
– Respiratórios: estridor, dificuldade para respirar, sibilos.
– Cutâneos: urticária, prurido, angioedema.
– Gastrointestinais: dor abdominal, náuseas, vômitos.
– Cardiovasculares: taquicardia, hipotensão, síncope.
O diagnóstico é clínico, baseado na história de exposição ao alérgeno e na apresentação dos sintomas. A anafilaxia deve ser considerada sempre que houver envolvimento de múltiplos sistemas, especialmente em casos de reações rápidas.
4. Tratamento
O tratamento imediato da anafilaxia é crucial e deve ser iniciado assim que a condição for suspeitada. As principais medidas incluem:
– Adrenalina: é o tratamento de primeira linha e deve ser administrada imediatamente, preferencialmente via intramuscular na face lateral da coxa
– Posicionamento: o paciente deve ser colocado em posição de repouso, com os membros inferiores elevados, se não houver dificuldade respiratória.
– Oxigenoterapia: em casos de hipoxemia ou dificuldade respiratória.
– Antihistamínicos: podem ser utilizados como coadjuvantes, mas nunca devem substituir a adrenalina.
– Corticosteroides: podem ser administrados em casos de anafilaxia persistente ou em pacientes com histórico de reações alérgicas.
Após a administração de adrenalina, é essencial monitorar o paciente, pois a anafilaxia pode ter uma fase de reexacerbação.
5. Prevenção
A prevenção é uma parte fundamental do manejo da anafilaxia. As seguintes estratégias devem ser implementadas:
– Identificação de Alérgenos: os pacientes devem ser orientados sobre os alimentos e medicamentos que devem evitar.
– Plano de Ação: é importante que pacientes e familiares tenham um plano de ação escrito que descreva os passos a serem seguidos em caso de exposição a alérgenos e sintomas de anafilaxia.
– Uso de Adrenalina Autoinjetável: é recomendado que crianças em risco tenham sempre disponível um autoinjetor de adrenalina, e que familiares e cuidadores saibam usá-lo.
6. Educação e Conscientização
Educar pacientes e suas famílias sobre anafilaxia é fundamental. Isso inclui informações sobre a condição, identificação de sinais e sintomas, uso correto de adrenalina e a importância de buscar ajuda médica imediatamente em caso de reações.
7. Conclusão
A anafilaxia é uma emergência médica que exige rápida identificação e tratamento. A educação contínua e a conscientização sobre anafilaxia são fundamentais para a prevenção e o tratamento eficaz, garantindo a segurança e a saúde das pessoas em risco. Profissionais de saúde devem estar preparados para agir rapidamente e orientar os pacientes e suas famílias na prevenção e no manejo dessa reação alérgica potencialmente fatal.
Referência:
Guia Prático de Atualização do Departamento de Alergia da Sociedade Brasileira de Pediatria – Anafilaxia: atualização 2021
Especialista em Alergia, Imunologia e Pediatria, com atendimento no bairro Bela vista, em São Paulo e no bairro Santo Antônio, em São Caetano do Sul