Dermatite de Fraldas

28 de agosto 2023

A dermatite de fraldas é caracterizada por reação inflamatória da pele que é coberta pela fralda. Acomete entre 7% e 35% dos bebês, sendo uma das doenças dermatológicas mais comuns da infância. Também chamada de “assadura”, é causada por contato longo de urina e fezes no local, algumas vezes evoluindo com infecção secundária por fungos ou bactérias. Crianças que tem controle esfincteriano antes dos 2 anos de idade e que não usaram antibióticos apresentam menos esta condição.

Ela se inicia com leve vermelhidão nas áreas convexas, podendo progredir para úlceras e infecções. Os tipos mais comuns de dermatite no local das fraldas são: dermatite por irritante primário, dermatite por atrito e candidíase. Na ausência de resposta ao tratamento, outras doenças devem ser consideradas:

FISIOPATOLOGIA

O bebê está em constante desenvolvimento, inclusive da sua barreira cutânea. Alguns fatores podem alterar essa evolução e desempenhar papel relavante no aparecimento de doenças cutâneas. São eles: redução do pH, umidade, temperatura coporal, adaptação da atividade sebácea.

A microbiota da região da fralda é diferente em relação a outras áreas do corpo, pois passa muitas horas coberta em contato, muitas vezes, com produtos, como pomadas e lenços umedecidos, irritantes, por exemplo urina e fezes, além de ser submetida a vários momentos de limpeza durante o dia. Com isso, as propriedades da pele (principalmente o pH) deste local são bastante afetadas, o que predispose ao desenvolvimento de dermatite de fraldas. Além desses fatores, alimentação também tem participação nessa reação inflamatória. Isso acontece especialmente no momento da introdução alimentar, quando há alteração do movimento intestinal e do pH fecal, o que pode explicar o pico de incidência entre 9 e 12 meses de vida.

ALGUMAS FORMAS CLÍNICAS

– Dermatite por atrito ou friccional

A mais prevalente, sendo que a maioria dos bebês em algum momento da vida será afetada . Ocorre em áreas onde há maior atrito, como abdome, genitália, nádegas, superfície interna das coxas. São lesões avermelhadas, que descamam. Higiene adequada e trocas regulares de fralda são a base para a melhora da dermatite.

– Dermatite de contato por irritante primário

É causada por contato com enzimas das fezes, irritantes químicos de lenços umedecidos/sabonetes, associado ao calor e umidade excessivos do local. O acometimento de áreas inferior do abdome, coxas, áreas convexas das nádegas, vulva, períneo, evitando as pregas, lembra letra W. Pode variar de leve a grave.

– Dermatite de contato alérgica

Vem sendo cada vez mais frequente, embora ainda não seja uma causa tão comum. É causada por contato com produtos contidos nas fraldas, pomadas, lenços (borracha, resina adesiva, conservantes, fragrâncias). Quando se identifica a substância causadora, as lesões ainda podem permanecer por semanas após o término do uso. Corticoides de baixa potência e emolientes podem ser usados por curto período de tempo.

– Candidíase

É uma infecção fúngica da região da fralda, principalmente nos menores de 1 ano da vida. Apresentam-se como vermelhidão importante, bem dermarcada, e algumas vesículas e pápulas chamadas de satélites. O uso de antibióticos por via oral, venosa ou intramuscular modifica a microbiota do local e é fator desencadeante. Pode vir acompanhada de lesões na cavidade oral. O tratamento é com antifúngicos e limpeza adequada.

– Dermatite seborreica

Inicia-se em torno dos primeiros 20 dias de vida, com pico aos 3 meses, melhorando até 12 meses de vida. Ocorre por alterações hormonais, infecção por algumas espécies de fungo, fatores ambientais e próprios do indivíduo. O diagnóstico se basea nas lesões de cor salmão nas pregas inguinais, cervicais e axilares, além da crosta láctea (face e couro cabeludo).

FRALDAS REUTILIZÁVEIS (ECOLÓGICAS) E DESCARTÁVEIS

As fraldas reutilizáveis de pano atuais, chamadas também de fraldas ecológicas, são formadas por:

• Camada em contato com a pele de tecido permeável à urina, que não retém a umidade, deixando a pele seca
• Na parte interna, existem camadas de tecido funcionando como absorvente, proporcionando absorção de líquidos. Esses tecidos absorventes vão permitir que o bebê utilize a fralda por algumas horas, dependendo da quantidade de camadas;
• A parte externa é impermeável, fechada com botões ou velcro, que são ajustáveis para bebês de 3 a 16 kg, aproximadamente.
Elas podem ser lavadas à máquina, mas não podem ser deixadas de molho. Em caso de manchas, secagem ao sol pode ajudar a diminui-las. 
Os benefícios e malefícios das fraldas reutilizáveis atuais ainda não são muito claros pela literatura científica.

As fraldas descartáveis são compostas por:

• Camada que fica em contato com a pele e permite a passagem de líquido para camadas absorventes internas, mantendo-se seca;
• Camada interna absorvente que forma um gel ao absorver a urina, evitando que o líquido retorne ao contato com a pele;
• Materiais sintéticos e elásticos para o fechamento da fralda.

Prevenção e Tratamento:

ATENÇÃO:
Por ser um local abafado há maior absorção de medicamentos, portanto Corticosteroides e nistatina não devem ser utilizados como prevenção!!! Efeitos colaterais associados a eles: atrofia cutânea, telangiectasias, aumento de pelos e, até mesmo, Síndrome de Cushing exógena (doença sistêmica).

Sinais de alarme:

– A dermatite não está melhorando mesmo após os cuidados acima;
– Hematomas ou sangramento na área;
– Presença de vesículas, bolhas, úlceras, descamação;
– Perda de peso, dor, febre, prostração;
– Lesões em outras regiões do corpo.

Referência: https://www.sbp.com.br

 

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Uma publicação compartilhada por Lara Novaes Teixeira – Pediatra, Alergista e Imunologista (@laranovaesalergoimuno)