Entendendo a Dermatite de Contato

Entendendo a Dermatite de Contato

20 de agosto 2024

A dermatite de contato é uma inflamação da pele causada pela exposição a substâncias que provocam reações alérgicas ou irritativas. Essa condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma das causas mais comuns de consultas dermatológicas.

Definição e Classificação

A dermatite de contato é classificada em dois tipos principais: dermatite de contato irritativa (DCI) e dermatite de contato alérgica (DCA). Ambas envolvem inflamação da pele, mas têm mecanismos patogênicos diferentes:

  1. Dermatite de Contato Irritativa (DCI): É a forma mais comum de dermatite de contato, resultando de uma lesão direta da barreira cutânea devido à exposição a agentes químicos ou físicos. Não envolve uma resposta imunológica. Os irritantes comuns incluem sabões, detergentes, solventes, ácidos e bases. A irritação pode ser aguda ou crônica, dependendo da intensidade e da duração da exposição.
  2. Dermatite de Contato Alérgica (DCA): Essa forma envolve uma reação de hipersensibilidade do tipo IV (mediada por células T) à exposição a alérgenos. A sensibilização inicial pode ocorrer após exposição única ou repetida a uma substância específica, como metais (níquel, cobalto), fragrâncias, conservantes e plantas (como a hera venenosa). Após a sensibilização, a reexposição ao alérgeno provoca a reação inflamatória.

Epidemiologia

A dermatite de contato é uma condição comum, afetando tanto homens quanto mulheres em diferentes faixas etárias. Estima-se que entre 15% e 20% da população mundial pode desenvolver dermatite de contato em algum momento da vida. No Brasil, as alergias de contato estão entre as principais causas de dermatite ocupacional, afetando trabalhadores de diversas indústrias, como a química, construção civil e saúde.

A dermatite de contato pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas as áreas mais frequentemente afetadas são as mãos, o rosto e o pescoço, devido à maior exposição a substâncias irritantes e alérgenas nessas regiões.
Patogênese

A patogênese da dermatite de contato varia de acordo com o tipo de dermatite (irritativa ou alérgica). Na DCI, a exposição a agentes irritantes causa uma destruição direta da barreira cutânea, resultando em inflamação local e danos às células epidérmicas. A repetida exposição a substâncias irritantes, como água e sabão, pode levar a uma dermatite crônica, na qual a pele fica espessada, seca e rachada.

Na DCA, o processo envolve duas fases: sensibilização e elicitação. Na fase de sensibilização, a exposição inicial ao alérgeno desencadeia uma resposta imune adaptativa, levando à ativação de células T específicas. Na fase de elicitação, a reexposição ao alérgeno leva à ativação dessas células T, que liberam citocinas e outros mediadores inflamatórios, resultando na inflamação característica da dermatite alérgica.

Diagnóstico

O diagnóstico da dermatite de contato é feito principalmente pela história clínica e pelo exame físico, mas o teste de contato (patch test) é o principal método diagnóstico para identificar a DCA. Esse teste envolve a aplicação de pequenas quantidades de diferentes alérgenos na pele, geralmente nas costas, que são cobertas por adesivos. Após 48 horas, os adesivos são removidos, e a área é avaliada em busca de sinais de reação alérgica. Uma segunda avaliação é feita após 72 a 96 horas para confirmar o diagnóstico.

  1. História clínica: É essencial obter um histórico detalhado da exposição a possíveis irritantes e alérgenos, incluindo produtos de higiene, cosméticos, ocupação, hobbies e exposição a plantas ou metais. Os sintomas típicos incluem vermelhidão, inchaço, prurido, descamação e, em casos graves, bolhas ou fissuras na pele.
  2.  Exame físico: A localização das lesões é um indicador importante. A dermatite de contato nas mãos pode sugerir exposição ocupacional, enquanto lesões no rosto ou pescoço podem estar relacionadas ao uso de cosméticos ou bijuterias contendo níquel.

Tratamento

O tratamento da dermatite de contato envolve principalmente a identificação e eliminação da substância responsável pela reação. Uma vez que o agente causador é removido, a dermatite tende a melhorar, mas o uso de terapias farmacológicas pode ser necessário para controlar os sintomas.

  1. Corticosteroides tópicos: São a primeira linha de tratamento para reduzir a inflamação da pele. Em casos mais graves, podem ser prescritos corticosteroides sistêmicos por curto período.
  2. Emolientes: A aplicação de cremes hidratantes ajuda a restaurar a barreira cutânea e prevenir o ressecamento da pele, especialmente em casos de dermatite crônica.
  3. Antihistamínicos: Podem ser utilizados para aliviar o prurido, embora sejam mais eficazes na DCA do que na DCI.
  4. Imunomoduladores tópicos: Em casos resistentes ou onde os corticosteroides não são adequados, como na pele sensível do rosto, podem ser utilizados imunomoduladores tópicos como tacrolimus e pimecrolimus.

Além do tratamento médico, é crucial orientar os pacientes sobre estratégias de prevenção e cuidados com a pele, que podem incluir:

  1. Evitar a substância causadora: Isso é fundamental no manejo da DCA. Para isso, os pacientes devem ser informados sobre a leitura de rótulos de produtos e a identificação de sinônimos dos alérgenos.
  2. Uso de luvas e barreiras protetoras: No caso de DCI, o uso de luvas apropriadas e cremes de barreira pode ajudar a reduzir a exposição a irritantes.
  3. Cuidados com a pele: Manter a pele bem hidratada, especialmente em áreas propensas a dermatite, é importante para manter a integridade da barreira cutânea.

Prevenção

A prevenção da dermatite de contato envolve a redução da exposição a irritantes e alérgenos conhecidos. No caso da DCA, uma vez que o alérgeno foi identificado através de testes de contato, a educação do paciente é crucial para evitar futuras exposições. Isso inclui aprender a identificar substâncias sensibilizadoras em produtos do cotidiano, como sabonetes, detergentes, cosméticos e materiais de trabalho.

Para trabalhadores em ocupações de alto risco, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas e roupas adequadas, é essencial. Além disso, a modificação dos ambientes de trabalho para reduzir a exposição a substâncias irritantes e alérgenas pode ser uma estratégia importante para prevenir dermatites ocupacionais.

Impacto na Qualidade de Vida

A dermatite de contato pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, especialmente quando a condição afeta áreas visíveis do corpo ou impede a realização de atividades diárias e ocupacionais. O prurido intenso, dor e desconforto associados à dermatite podem levar a distúrbios do sono, ansiedade e depressão.
É importante que o manejo da dermatite de contato inclua não apenas o controle dos sintomas físicos, mas também o apoio emocional aos pacientes. Grupos de apoio e educação sobre a condição podem ajudar os pacientes a lidar melhor com os desafios da dermatite de contato.

Bibliografia:

Dermatite de contato – Artigo de Revisão da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

 

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Uma publicação compartilhada por Lara Novaes Teixeira – Pediatra, Alergista e Imunologista (@laranovaesalergoimuno)



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