03 de outubro 2023
A tosse é um reflexo do nosso organismo, o qual funciona como mecanismo de defesa ao ajudar na expulsão de agentes nocivos (microrganismos, poeira, secreções, irritantes, muco) das vias respiratórias. Ao longo da vida, é esperado que todas as pessoas tenham tosse em algum momento. Tossir não é doença, mas sim um sintoma de múltiplas causas. Os médicos que costumam tratá-la são os médicos de atenção primária, pediatras, alergistas, otorrinolaringologistas e pneumologistas.
A classificação da tosse é dividida temporalmente como aguda, subaguda e crônica. Dizemos que é aguda quando dura menos de 3 semanas e é autolimitada, ou seja, pode ter resolução espontânea. Exemplos: infecção de via área superior (resfriado, gripe, sinusite), doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), asma, insuficiência cardíaca crônica, exposição a irritantes. Subaguda, entre 3 a 8 semanas, e pode ser aquela tosse que perdura após um quadro infeccioso, mesmo na resolução do mesmo. Também considerar doença do refluxo Gastroesofágico (DRGE) e síndrome da tosse de vias aéreas superiores (STVAS). Quando sua duração é maior do que oito semanas, é chamada de crônica. Possíveis causas: asma, STVAS, DRGE, tabagismo, DPOC, uso de alguns medicamentos (ex: remédios para pressão alta). Não se esquecer de: neoplasias, tuberculose, doenças intersticiais pulmonares, bronquiectasias, aspiração de corpo estranho e tosse psicogênica.
A tosse pode ser seca ou produtiva. Esta última é acompanhada de catarro ou muco, e geralmente é sintoma de infecção, como sinusites, resfriados, gripes, pneumonia. Já a tosse seca se deve à sensibilidade a alguma substância, como ácaros da poeira domiciliar, pelos, penas ou saliva de animais (cachorro, gato) e fungos. Neste contexto, é bastante comum o uso da expressão genérica “tosse alérgica”, mas ela só deve ser empregada quando de fato ocorrer em consequência de uma doença alérgica. Exemplo disso é o de rinite alérgica, em que pode haver secreção pós-nasal, que é o catarro proveniente da parte posterior do nariz gotejando em direção à garganta.
Para saber se seu quadro é alérgico, uma análise clínica detalhada, feita pelo médico especialista, deve ser realizada. Serão levados em consideração os seguintes tópicos: a característica da tosse, se é seca ou se tem expectoração, doenças/sintomas associados, uso de medicamentos, o horário em que é predominante. O exame físico também é fundamental. Caso sejam necessários, exames complementares (ex: testes alérgicos, radiografias, exame de sangue, provas de função pulmonar) podem ser solicitados. Alguns sintomas que, quando presentes, podem nos direcionar para um diagnóstico alérgico, são: coceira na garganta/olhos/nariz, espirros, coriza clarinha, lacrimejamento e vermelhidão ocular.
A melhor maneira de tratar a tosse é identificar a causa e direcionar o tratamento a ela. O uso de “xarope para tosse” deve ser usado com muita cautela, pois muitas vezes contêm corticoides e antialérgicos sedantes, os quais possuem diversos efeitos colaterais. Mesmo fitoterápicos, como Hedera helix, não podem ser prescritos a todas as pessoas, sendo liberado apenas a partir de 2 anos de idade. Xaropes caseiro a base de mel e hortaliças, devido suas propriedades antioxidantes, são boas opções para tosse em decorrência de infecções de vias aéreas superiores. Lembrando que mel não pode ser ingerido antes de 1 ano de vida e, até os 2 anos, só em forma de medicamento, para que não seja estimulado o consumo de açúcar nesta faixa etária.
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Especialista em Alergia, Imunologia e Pediatria, com atendimento no bairro Bela vista, em São Paulo e no bairro Santo Antônio, em São Caetano do Sul